Mudança cultural nos meios de comunicação: temos que ser protagonistas e aprendizes nos processos de transformação

08/03/2021

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Para Joao Adao, Diretor Regional da América Latina do Facebook, as organizações enfrentam com sucesso os novos cenários quando assumem o papel de protagonistas e decidem aprender sobre o novo mundo.

A terceira sessão do “Cultural Change Ignition Program”, organizado pela WAN-lFRA e o Facebook Journalism Project, reuniu Joao Adao, Diretor Regional da América Latina do Facebook, e Ryan M. Thomas, atual CEO da Eyam Vaccines and Immunotherapeutics. Ambos contaram suas experiências de transformações digitais de empresas fora da indústria jornalística com executivos do Perfil (Argentina); A Gazeta, Band, Gazeta do Povo, O Globo, Record TV, SBT (Brasil), Caracol, Revista Semana (Colômbia), AM de León, El Debate, El Financiero, Milenio, Proceso e TV Azteca (México).

Thomas levou à sessão sua experiência como diretor da Agência Católica de Notícias EWTN News e Conselheiro para a Transformação digital do Vaticano. Já Adao contou como foi a transformação que liderou há alguns anos no Páginas Amarillas. Se a Igreja Católica, com seu poder e influência milenares, e o Páginas Amarillas, com um monopólio de 50 anos, conseguiram se adaptar a um mundo novo, por que outros meios de comunicação não conseguiriam fazê-lo? Esse foi o enfoque da terceira sessão do “Cultural Change Ignition Program”.

Por que é tão difícil fazer a mudança dentro das organizações?

Para Adao, o motivo principal que se opõe à transformação é a natureza humana: “Somos as melhores máquinas para evitar a mudança”. Se a empresa tem uma história de sucesso e uma posição dominante, é pior ainda. Em muitos casos, diante de uma ruptura, se impõe uma mentalidade de sabe-tudo. “Quando a dinâmica muda ou surgem desafios, nos refugiamos no lugar do sabe-tudo. Nossa perspectiva é a correta e qualquer pessoa que venha com um ponto de vista diferente está errado, disse Adao. Essa mentalidade é ainda mais prejudicial no dinâmico cenário digital: “Em um ambiente digital, se você acha que sabe tudo, vai perder, porque tudo vai mudar muito rápido”.

A outra mentalidade que se opõe à mudança é a de vítima. “Se existe um problema, está fora. Eu sou inocente, sou uma vítima. O problema de ser uma vítima é que você não é parte da solução”. Por isso, a recomendação que o Diretor Regional da América Latina do Facebook dá é assumir o papel de protagonistas.

Thomas concorda com o diagnóstico de Adao: “Em qualquer organização que tenha um certo nível de poder e influência, quando isso começa a diminuir, muita gente se protege, e em vez de inovar, de romper com a forma como as coisas são feitas, se aferram a esse poder”.

 

Como as organizações se adaptam a novos cenários?

A mudança é cultural e leva tempo: “Muda-se uma cultura de conversa em conversa. Não existe um momento mágico, ou uma reunião mágica de onde as pessoas saem e dizem ‘OK, entendi’. Porque somos humanos e a natureza humana é de negação ou de vitimização”, afirma Joao Adao.

“Meu foco no Páginas Amarillas foi mudar essa cultura de ser uma vítima das circunstâncias externas para ser protagonista do próprio destino. E deixar de ser um sabe-tudo, de achar que sabe todas as respostas, a ser aprendiz. Que habilidades novas precisamos aprender para navegar neste mundo? Esse foi o desafio cultural”, Joao Adao.

Por outro lado, em um processo de transformação, no qual, às vezes, as mudanças se tornam urgentes, é necessário, pelo menos, mostrar pequenas vitórias, Thomas chama a atenção para a tentação habitual de pular etapas: “Acredito que temos que dedicar mais tempo à análise e ao planejamento e que se essas duas etapas forem bem feitas, com clareza, a execução acontece quase por si só”.

 

Nas próximas semanas, a WAN-IFRA publicará um relatório com mais informações sobre essa sessão e com as principais aprendizagens do Cultural Change Ignition Program”.

Autora: Andrea Shulte

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