Anita Zielina: “A guerra pelos talentos está acontecendo”

16/03/2021

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A diretora de Inovação e Liderança da Escola de Jornalismo Craig Newmark da CUNY diz que os meios de comunicação precisam ser mais atraentes se querem captar e reter as pessoas das quais precisam para seu processo de transformação digital.

“Às vezes, como empresas de meios de comunicação, acreditamos/achamos que existe uma tendência natural das pessoas quererem trabalhar nas nossas redações, como desenvolvedores, designers, tecnólogos/programadores. Mas quando queremos contratar essas pessoas, percebemos que elas podem trabalhar em qualquer lugar: na indústria automobilística, nas agências de marketing digital, no Google, no Facebook…”, disse Anita Zielina aos participantes da quarta sessão do Cultural Change Ignition Program”, organizado pela WAN-lFRA e pelo Facebook Journalism Project.

A sessão a cargo da Zielina tratou de como preparar os funcionários para enfrentar a transformação digital e como atrair e reter talentos. “Estamos concorrendo com outras indústrias que podem ter feito um trabalho melhor em ser atraentes para seus empregados, criando espaços para que eles cresçam e se desenvolvam”, afirma Zielina, e acrescenta: “Essa guerra pelos talentos está acontecendo”.

Anita Zielina, que chefiou várias redações e deu consultoria para outras tantas, admite que os jovens, em linhas gerais, não se sentem atraídos pelos meios tradicionais. “Os talentos digitais de 20/30 anos querem coisas diferentes para suas vidas e para seus trabalhos. Os meios de comunicação tradicionais não oferecem o que eles acreditam que tem que ser um trabalho. E essa é uma questão, porque vão escolher um lugar diferente para trabalhar”, explica a jornalista e consultora.

Por outro lado, Zelina recomenda muito cuidado na hora de montar as equipes que vão liderar a transformação digital. A tentação de trazer todo mundo de fora pode afetar drasticamente a cultura da organização: “Se você traz um monte de gente de fora para fazer a ‘coisa bacana digital’, os de dentro, que estão há muito tempo, vão achar que não são o futuro, que a empresa não aposta neles. E ninguém quer isso”. Por isso, recomenda: “Uma combinação de talentos internos e externos é muito eficiente, porque o risco de trazer só gente de fora é que as pessoas que já estão ali se sintam deixadas de fora da inovação e da transformação”.

Assim como a sessão da Zielina abordou o talento, o “Cultural Change Ignition Program” —que foi realizado de outubro de 2020 a janeiro de 2021— tratou também de outros assuntos para pensar e realizar hoje a mudança cultural nos meios de comunicação: os dados como motores da estratégia, a relação com os públicos e a mudança organizacional. Também foram contados casos de sucesso de transformação digital dentro e fora da indústria jornalística. Nas próximas semanas, a WAN-IFRA vai publicar um relatório com as principais lições dos especialistas que lideraram o Cultural Change Ignition Program.

Autora: Andrea Schulte